segunda-feira, 2 de março de 2009

8° Ano - A moda feminina em mais de 500 anos no Brasil

Que moda é essa, voltada mais para o corpo do que para a elegância, que agrada tanto as mulheres brasileiras? O mundo inteiro, quando pensa no Brasil, imagina uma mulher de biquíni na praia. Mas o guarda-roupa da mulher brasileira não se resume a isso.

O calor beirava os 40 graus. As ruas eram ‘‘pavimentadas’’ com lama e pedregulho. De um lado, as índias passeavam com suas ‘‘vergonhas’’ à mostra. Do outro, senhoras de fino trato desfilavam com seus pesadíssimos e acalorados vestidos europeus. Isso foi há muito tempo, 500 anos atrás, quando o Brasil, recém-descoberto, descobria também a moda.

A história do vestuário nacional confunde-se com a própria memória da vida privada do país. Afinal, as roupas fazem parte dos costumes e da cultura, e o estilo é o reflexo de uma época. (…)

O passeio pela história da moda no país revela aspectos interessantes sobre o cotidiano desde a colônia até os dias de hoje. Enquanto algumas peças parecem incrivelmente atuais, outras indicam hábitos comuns durante épocas, mas que atualmente provocam estranheza. Por exemplo: na segunda metade do século 17, as mulheres colavam no rosto pedaços de tecido embolados para que parecessem… verrugas! Mas, como tudo na moda é reciclado, também há trajes históricos que continuam em voga. O estilo hippie dos anos 60, os twin-sets da década de 70 e até mesmo alguns vestidos do século 16 podem ser visto até hoje nas vitrines.

De 1500 a 1550

180px-margaret_of_anjou.jpg A Europa ditava a moda da colônia portuguesa recém-descoberta. Mesmo sob o forte calor tropical, as mulheres usavam pesados vestidos de veludo, ao estilo da corte de Henrique VII. Seda, tafetá e brocados também faziam parte do vestuário, pois indicavam poder econômico. Os decotes eram generosos: o formato quadrado e o apertado espartilho garantiam — não sem sofrimento — o destaque dos seios e a cinturinha fina.

De 1551 a 1600
O estilo elizabetano levou para o vestuário o rococó da corte inglesa. Muitos bordados, laços, enfeites de ouro, pedras encrustradas. As saias eram largas, recheadas por várias armações, e as mangas, fofinhas. Preto, vinho e vermelho eram as cores da moda, sempre incrementadas por detalhes dourados. Outra tendência lançada por Elizabeth I foi o vermelho-fogo nos cabelos, que também recebiam perucas longas e encaracoladas.

De 1601 a 1650
As brasileiras passaram a se vestir como as princesas das famílias reais européias. Vestidos tinham meia cauda e eram confeccionados em cetim bordado a ouro. O corpete continuava sufocando os troncos femininos, destacados pelo decote quadrado. Alguns vestidos tinham armações de arame no lugar da gola. Um estilo imponente, influenciado pela moda de Luís XII.

De 1651 a 1700
Os vestidos ficaram mais curtos na frente e com cintura melhor definida. A grande novidade eram os adereços para os cabelos, umas estranhas armações que deixavam a cabeleira volumosa.

De 1701 a 1750
Nesta época, as roupas estiveram mais femininas do que nunca. Além dos seios e da cintura, os quadris eram destacados com uma armação chamada de ‘‘anquinha’’. Meias e luvas brancas faziam parte do vestuário, que incluía também arranjos dourados para o cabelo.

De 1751 a 1800
A moda fica mais discreta. Os excessos das décadas anteriores vão sendo eliminados pouco a pouco. Vestidos menos rodados, mangas menos fofas, fim da ‘‘anquinha’’, calçados com salto baixo. Os penteados imensos diminuem, assim como o volume e a altura das perucas.

De 1801 a 1850
Pouco se muda na história do vestuário. As roupas e sapatos continuam nos mesmos padrões do século anterior, mas dois elementos são agregados ao guarda-roupa: peles de animais e os sensuais xales, que ‘‘fingiam’’ cobrir decotes generosos.

De 1851 a 1900
No Brasil do Império e da República, a moda não era mais britânica. Paris, sim, passara a ser a bola da vez. Nos navios que desembarcavam por aqui, chegavam tecidos, figurinos e revistas da França. Pela primeira vez, os modelitos estrangeiros são adaptados ao nosso clima. Em 1870, Bartholomeu Thimonnier inventa a máquina de costura. Uma década depois as tinturas artificiais são descobertas, colorindo os tecidos antes pálidos.

De 1901 a 1950
Depois da Primeira Guerra Mundial, o vestuário é totalmente reformulado. A moda continua sendo ditada pela França, mas surgem as primeiras confecções brasileiras, que adaptam modelos e tecidos. A carência de matéria-prima durante a guerra impulsionou a indústria têxtil, que começou a buscar soluções para substituir os tecidos importados. Como a mulher passa a fazer parte do mercado de trabalho, as roupas ficam mais práticas: aparecem os tailleurs, as saias ficam mais curtas e os costumes ganham cortes masculinos. No começo do século acontece o primeiro desfile de moda do Brasil, organizado pela Casa Canadá.

Décadas de 50 e 60
O pretinho básico ficou em primeiro lugar em uma pesquisa realizada na Grã-Bretanha. Com 76% dos votos, ele ficou em primeiro lugar na lista das dez roupas mais importantes da história da moda feminina. Essa peça insubstituível foi criada na década de 20 pela estilista Coco Chanel a mesma do perfume Chanel no 5. Antes disso, as jovens não podiam usar preto e eram raras as senhoras que vestiam a cor fora do luto.
O pretinho só se firmou como uma peça indispensável nos anos 60, com o figurino de Audrey Hepburn para o filme Bonequinha de luxo. (foto abaixo)

História da Moda: A peça mais importante da história!

No final, a peça, com um decote canoa e cavas bem pronunciadas, acompanhava um elegante colar de pérolas, sapatos de salto e uma longa piteira na mão. De lá para cá, os tempos mudaram, a moda passou por diferentes fases, mas o querido pretinho básico continua com a bola toda... Sorte a nossa! Afinal, ele faz a mulher parecer mais magra e pequena se ela for grande. E mais imponente se ela for pequena. Quer peça mais democrática?A televisão e o cinema influenciam os jovens, que passam a usar blusões de couro, topetes, camisas coloridas, calças justas. Para as mulheres, vestidos bem rodados, casaquinhos e sapatilhas.


Década de 70
O estilo hippie domina a moda jovem, com batas indianas e calças boca-de-sino. Mas essa também é a época da discoteca, do brilho, do exagero. A meia arco-íris de lurex usada por Sônia Braga em Dancing Days vira febre entre as mulheres, que também aderem às sandálias plásticas. No final da década, o movimento punk ganha a Inglaterra e o mundo. Cabelos estilo moicano, muitas tachas, botas de cano alto e roupas pretas saem das ruas e já ocupam as vitrines.

Década de 80
O punk estilizado — aquele visual gótico — domina as boutiques jovens e divide a preferência com mangas-morcego, calça legging, crucifixos, pochetes, camisões, calças de couro… A moda é um verdadeiro pastiche. Madonna faz sucesso e dita tendências entre as garotas. As meias coloridas continuam no topo.


Década de 90
É o auge da androginia. Ternos, blazeres, calças retas fazem a brincadeira menino/menina. Surgem as supertops, modelos cotadíssimas que, com seus corpos esguios e muito magros, influenciam a estética.

O século 21
Por falta de imaginação, o início do século apresenta uma mistura geral. Peças clássicas, como o corpete, são reintegradas ao vestuário. Influências das décadas passadas, anos 70 e 80 totalmente revisitados. A moda nunca foi tão democrática quanto agora.


Referências bibliográficas

*http://manequim.abril.uol.com.br/moda/historia-da-moda/historia_da_moda_282255.shtml

*http://mdemulher.abril.com.br/moda/blogs/com-que-roupa/66363_post.shtml

*http://profissaomoda.com.br/?acao=colunistas&subacao=ler&id=51

*http://www.fashionbubbles.com/tag/historia-da-moda-brasileira/